segunda-feira, setembro 12, 2005

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Entro na última semana de setembro com o pensamento dedicado a faculdade, ao trabalho e a evoluir na vida. Mandei pela manhã alguns curriculos e algumas publicações minhas para editoras, revistas, jornais. E assim vou tentar ser alguem. Ser uma pessoa com nome e sobrenome. Fazer mudar. Fazer valer.

Não pensarei no amor. Não tratarei o amor como algo principal. Cansei dessa vida de acreditar no amor. As pessoas não tem mais amor por si próprias. Imagine pelos outros. Serei o comum. A carne cobrindo os ossos. E o dinheiro cobrindo os bolsos. A mão dada a pessoa amada é fria. O beijo não tem sabor. O homem maquinizado. E rico. Feliz por ser rico. Tenho que achar a felicidade no dinheiro. Pois pelo amor esta difícil.

E se for rico acharei uma pessoa que me queira. Ou que queira o meu dinheiro? Por isso que eu acreditava no amor. Se for para gostar de mim tem que ser amor mesmo. Não tenho grana. Mas posso fazer alguem feliz.

Preciso cuidar mais de mim. Fazer mais as coisas boas que fazia antigamente. A vida vai passando e as pessoas vão deixando as coisas que mais gostam de fazer para trás. Talvez por isso morrem mais cedo. Por deixar de fazer o que gostam. Não quero ser igual aos outros. Vou fazer o que tiver vontade. E se eu não achar um par nessa caminhada não vou me preocupar. Qualquer coisa eu negocio minha alma. É isso mesmo. Qualquer coisa troco minha alma pela pessoa amada.

Vou aos correios. Recebi duas cartas. Preciso retirar no local. O que será? Não comprei nada. Não estou esperando nada. Será que em uma das duas é a namorada que eu tanto falo? Ou será engano? Me troco e vou aos correios. Almoço pela rua e volto a noite com as embalagens fechadas. Não sou muito curioso. Só para algumas coisas. E para essa eu estava bastante. Imaginava algo bom. Algo muito bom. Abro. E o sorriso aparece. É verdade. A lágrima tambem. Posso dizer que estou feliz. Feliz e realizado. É realmente muito gratificante ver um livro seu publicado. Digo isso de coração.

O primeiro pacote era grande. E a surpresa foi grande. Vou abrir o menor. Não crio espectativa alguma para ele. Parece aquelas cartas que namoradas mandam. Ou ex-namoradas. Ou afim-de-ser-sua-namorada. Mas essa última eu nunca tive. Talvez seja ela dizendo que finalmente me achou.

Não era isso. Era muito melhor. Era realmente o meu dia. Aqueles dias que você assiste apenas nos filmes. Não sei por qual mérito me escolheram. Não falo nem inglês. Talvez seja meu santo forte. Realizador dos meus pedidos. De quase todos é verdade. Agradeço.

Agora a vida séria começa. Trabalhar em uma revista. Ter um livro publicado. Acabou o tempo livre para viajar, curtir com os amigos todos os dias. Todos os fins de semana. Tenho que ir daqui uma semana para São Paulo. Cabelo curto. Barba feita. Outubro vai começar melhor que setembro. Começo a procurar a carteira de trabalho. Volto a ser o orgulho de mamãe. Que bom. Ela estando feliz também fico feliz.

Passo o fim da noite deitado no sofá. Comendo pipoca e vendo futebol. Quando a fase é boa até o futebol volta a ser algo bom. Meu time vence. Vou para o computador feliz. Não consigo parar de pensar como tantas coisas impossíveis se tornaram possíveis em apenas um dia. Milagre. Obra divina. Só pode.

Começo a acreditar que posso realizar o que penso. Será que adquiri esse poder? Faço o teste. Penso em seis números. Não me vêm nenhum. Foi mesmo sorte. Ou coincidência. Ou destino. Mas não tenho esse poder.

Deito e fico pensando mil coisas. Será que algumas vão realizar? Ou usei todo o poder nos pedidos para o meu futuro? E uma mulher? Precisarei ter uma mulher. Filhos. Vou ficar pensando em alguma mulher. Pensarei na mais difícil. A mais impossível. Mas também a melhor. Afinal será a mulher da minha vida.