sábado, outubro 01, 2005

1

Bem Vindo Setembro. Senti saudades. Estou bem e você?

Setembro começou hoje, dia 31 de agosto. Terminará apenas em outubro. É um mês estranho. Sempre é estranho. Inconscientemente odeio setembro por motivos amorosos. Não é nem um pouco um mês afetivo. Vamos ver se neste ano a chuva muda de lado e vai molhar o quintal do vizinho. Vou torcer para não chover. A chuva separa as pessoas. Pelos menos os amigos. Ela é a favor do namoro. Do cinema. E do fondue de chocolate.

Ar. Preciso de ar. Não tenho grandes expectativas. Apenas um mês comum. Ou quase comum. É um mês que aproxima o ano ao seu final. Daqui a pouco será férias. Será ano novo. Será ano novo, vida nova.
Vou voar. Espero voar. Sem tempo para voar a qualquer momento aguardo o dia certo. Enquanto o dia não chega, aqueço minhas asas. Estão fortes. Preciso trabalhar.

Enquanto isso preparo um lanche. Aproveito que o pão está quente e como ele puro mesmo. Passo manteiga em um, é verdade. Tomo um copo de Coca-Cola, e vejo às horas. Ainda não é setembro, mas daqui a poucas horas será setembro de verdade. Será doce setembro. Não cuidarei de ninguém. Cuidarei de mim. Farei por mim. E se no final eu não tiver sido o melhor serei o mais feliz do mundo.

Vou acordar. Vou jogar água fria no rosto. Refrescar o corpo e a mente. Cortarei as unhas. Cuidarei da aparência. Para que setembro possa vir feliz. Possa vir sorrindo. Tomo um banho demorado. Me lavo, penso, me lavo e penso mais um pouco. Penso e lembro dos anos anteriores. Esse setembro não poderia seguir a tradição. É o ano para mudar. Ou tudo ou nada.

E quem sabe eu não arrume um par. Um par para me ensinar a dançar. A cantar. A aproveitar. E ai vamos curtir. Viajar. Correr sorrindo pela praia. Vai parecer filme. Será um capítulo de um filme. O filme da minha vida. Qual seu gênero? Comédia. Com tantos amigos, risadas diárias, zueras por todos os lugares. Só pode ser comédia. Ou suspense ? Esperar, esperar, esperar. Sentir medo de perder. E perder. E só perder. Ai já é terror. Poderia ser romance. Paixões. Namoradas. Não... Romance não.
Vou levar como um drama. Que tem os momentos felizes e os tristes. Normalmente os tristes são guardados para o final. No drama o final não é feliz. Não faz rir. Me faz pensar em chorar.

Não me lembro da última vez em que chorei. Lembro a época e talvez o porque. Mas não lembro do dia em si. Faz tempo. Estou feliz faz tempo. Estou sozinho faz tempo. Alguns meses para falar a verdade, mas quando algo é bom, passa rápido. Não sinto falta de alguem em especial. Sinto falta de ter alguem. Ter alguem para ligar. Ter alguem para sair nos dias chuvosos. Quando não chove, e é férias, não sinto falta de um par.

Hoje fui trabalhar mais cedo. O carro amarelo estava de costas para mim. Será o indício de um mês ruim ? Se as portas se fecharem para mim tudo bem, eu pulo a janela. Não posso tomar o carro amarelo como parâmetro de sorte ou azar. As pessoas criam o seu azar. E depois, por maior dificuldade que tenham passado, realizam os desejos. E assim acabam criando mitos em qualquer objeto. Tornam o objeto algo para poder acreditar. Um tipo de fé. Uma fé própria. É como eu pedir para o carro amarelo me dar um amor. Como acreditar que comendo a última bolacha do pacote eu não casarei. Ou que quando olhar às horas, e os números forem iguais, é sinal que a pessoa que eu gosto está pensando em mim. Um monte de bobagens criadas em cima de coisas que não tem nada a ver. Agora mesmo são 23:23. E duvido que tenha alguem pensando em mim. E eu também não estou pensando em ninguem.

Agosto chega ao seu final. Termino o mês um ano envelhecido. Peço a conta. Gastos a toa. Em todos os sentidos. Setembro então vou diminuir os gastos. Ou arrumar mais gastos ? Vou tentar diminuir. Mas e minha bicicleta? Preciso arruma-la. Ela é minha parceira. Tenho que cuidar dela. E diminuir gastos. E agora ?

Vou para a aula. A pé. Acho melhor economizar no mês que vêm. A bicicleta não irá reclamar comigo se tirar umas férias fora de época. Talvez ela mesma prefira ficar parada por um tempo. Descansando. Ser bicicleta também deve cansar.

terça-feira, setembro 27, 2005

2

Estou cansado. Coloco a culpa no mês do meu aniversário. Acho que exagerei nas comemorações. Aproveito as últimas horas de agosto assistindo meu time do coração jogar. Ele perde. Juiz ladrão. Setembro começa com o pé esquerdo. Futebol é foda. Conta de banco também. Preciso me organizar melhor. Mas não consigo. Algo me incomoda. Todo final de mês é a mesma coisa. A mesma correria para pagar as contas. Meu pai já não aguenta mais falar para eu guardar o dinheiro até o fim do mês. Mas eu sei que não tem como. Quero aproveitar ao máximo. Comer de tudo um pouco. De tudo que é bom um muito. Fazer o máximo de coisas possíveis. Aproveitar que por enquanto o meu dinheiro é para uso próprio. Quando arrumar uma mulher, usarei menos. Gosto de dar presentes. Só não concordo que é dando que se recebe.

Deito torcendo para ser um bom mês. Para eu ter um bom mês. Não consigo dormir. Algo me incomoda. Talvez o futebol. Não tenho certeza. Vou procurar algo para rir.

Basta ficar na internet um pouco. Volto a sorrir. Mas não posso esquecer dos problemas. Falando em problemas, lembrei de um. Aula de Antropologia, 7 horas da manhã. Isso sim é um problema. Posso fingir não lembrar. Mas não posso deixar a preguiça ser maior que um sonho. Odeio as professoras sem coração.

Não tem como acordar para isso. Juro que tentei. Ficou aquele peso na consciência. Mas o que eu posso fazer ? Vou falar com alguem pelo computador. Vou falar com alguem que eu goste. Não tem ninguém. Droga. Vou esperar a hora para trabalhar. Quem sabe eu receba o salário hoje. Difícil. Mas e se o carro amarelo estiver perto de mim. Será sorte ? Ou será apenas um lugar para procurar sorte ?

Não vi a cor do salário. Já era esperado isso. Também não vi a cor amarela do carro. No trabalho tudo estava fora do lugar. Tudo bagunçado. Será que alguem está tentando roubar meu lugar ? Vou instalar câmeras. Não posso. Não mando no meu trabalho. Então tenho que tentar descobrir por si só. Será que alguem vem aqui, bagunça, e sai no carro amarelo ?

Setembro é mesmo louco. E as pessoas parecem ficar mais loucas ainda. O mês começou com tudo. Espero que continue assim. Tirando o futebol que já me deixou triste, o resto parece estar indo na mesma direção da maré.

Correria o dia todo, me sinto na grande São Paulo, que por sinal estarei lá amanhã. Passear faz bem à alma. Por isso o feriado da Pátria tem que ser dos melhores. O trabalho e a faculdade já não são mais problemas para impedir a viagem. Dispensado dos dois. Deus ouviu meus pedidos na hora de dormir. Esqueceu só de me mandar o salário. Mas para o feriado ele virá. E o maldito carro amarelo estava longe hoje. Será que tem algo longe de mim ? Família ? Amigos ? Amores ? Não sei. Setembro está ai para resolver todos esses problemas. Ainda é apenas o começo do mês.

Começamos a tentativa de madrugar na rua com os amigos. Ouvindo um violão, cantando músicas calmas e bonitas. O tempo parece passar mais rápido. Queria saber tocar violão. Um violão na hora de conquistar alguem deve contar pontos positivos. Não sei tocar. Então já começo sempre com um ponto a menos. Mas quando a vitória vêm, parece não ter fim. É o gosto da espera. Pelo menos meu amigo toca as músicas que eu gosto, e assim esqueço o trauma de não saber tocar.

Perdemos para o sono. Um ponto a menos nesse dia. Mas e dai? No dia seguine iriamos recuperar muitos outros. Doce ilusão. O dia começa ruim. Pneu fura. Susto. Mas depois da tempestade, calmaria. Parada num posto. Comer e beber qualquer coisa era necessário. Beber mais do que comer. Depois fomos direto ao encontro com a natureza. Um parque gigantesco para deitar. Esquecer dos problemas. E rir. Rir e renovar a vida. Quando eu acho que estou longe da rotina, quem me aparece ? O carro amarelo. Não é possivel ser o mesmo em São Paulo. O que que eu fiz para estarem me perseguindo? Ou será loucura minha, e não existe perseguição alguma ? Vou procurar ajuda médica.

Só de saber que o feriado está por vir, já é um alívio. Tirar um feriado do feriado seria muito bom. Mas o dever chama mais uma vez. Mais uma viagem pela frente. Mais um lugar novo para conhecer e marcar um xis. Vamos ver. Se algo der errado e eu não viajar marcarei um médico. Alucinação. Isso não é possivel.

É, acabo de receber a notícia que eu vou sim viajar. Deixarei o médico para outra vez. Talvez seja apenas coincidência. Se o problema continuar tomarei medidas maiores. Por enquanto vamos achando tudo engraçado. Sempre lembrando que dar sorte para o azar não é nada bom.

segunda-feira, setembro 26, 2005

3

Arrumo as malas. Ou melhor a mala. Não tenho mais a mochila predileta. E dai ? Tenho minha mochila mais antiga. Minha primeira mochila. Old School total. Pego as roupas que eu menos uso no dia-a-dia. Pego as mais feias. As mais sem graça. Pego a mais nova também. E guardo para a volta. Lar-Doce-Lar, camisa nova. Fora de casa. Camisa velha. Talvez para dar sorte. Talvez para não ser o mesmo da rotina. E com certeza para me sentir mais feliz.

Interior. Paz para o interior. Dormir o dia todo. Como faz tempo. Fazia. Descansei bastante. Recuperei algumas energias. Me sinto melhor. Amigos e amigas. Não os melhores. Nem os maiores. Os ideais para o momento. Não levo amor. Quero renovar o amor. Será que é possível? Vamos tentar.

Primeiro momento em que bate a saudade lembro de uma pessoa que eu não imaginava. Não tinha sentimento algum quando tinha a chance de tê-la ao lado. E agora que não tenho, sem mais nem menos, percebo o quanto errei. Poderia estar muito bem com uma pessoa muito boa. Destino. Jogo a culpa pra ele e consigo pensar melhor. Não preciso trabalhar para nada. Qualquer coisa, a culpa é dele.

Bate saudades de ex-amores. Bate saudade do meu cachorro. E de tomar leite. Vontades que fazem parte da vida urbana. Vida de rotina. Não imaginei sentir saudades. Mas quem gosta, sente. E eu senti.

Dezesseis chamadas não atendidas. Que irado. Mesmo longe meus amigos me ligam. Será que alguma amiga também me ligou ? Vai ser perfeito. Eu ter pensado nas pessoas e elas indiretamente pensando em mim. Vejo as ligações. Home. Home. Home. Dezesseis Home.
Talvez meu cachorro estivesse mesmo com saudades. Não é atoa que é o melhor amigo do homem.

Não passeio pela cidade. Não posso dizer se ela é legal, bonita, ou horrível. Pelo que vi pela janela do táxi parece ser calma. Quando eu for velho, tiver meus 80 anos, vou me mudar para lá. Casas grandes, com árvores. Não tem barulho. Não tem bagunça. Por mim morava lá hoje em dia. Mas tenho alguns sonhos para realizar. Vamos deixar esse como último sonho.

Após cinco dias de loucura e descansos volto a minha cidade natal. O ar é mais legal. Tudo é mais legal. É meu. É nosso. Um bom filho à casa torna. E eu não quero ser o patinho feio da história. Não encontro com meus amigos no lugar de sempre. Ligo e eles não vão sair. Quando percebo estou na praia, sentado, conversando com eles. Realmente por a culpa no destino cansa menos.

Combinamos de sair do nada. Depois da faculdade. Depois dos compromissos. Para não perder o costume. As férias estão longe ainda. E nas férias não tem quem nos separe. Nem pai, nem mãe, nem amores. Espero.

Penso em deletar algumas músicas do computador. De tão bem, me fazem mal. Como as grandes paixões cotidianas. É duro mais vai mudar. Quem fala é o doutor.

Combinamos de viajar de bicicleta. Lembro que a minha está para arrumar a um tempão. Acho que desde o começo do mês. Preguiça. Falta de tempo. Não sei ao certo. Sei que ela está abandonada. Espero que esteja no bicicletário ainda. Senão perderei minhas pernas de borracha. Perderei a viagem de bicicleta.

E se não der certo vamos de moto. Vamos de carro. Ou de ônibus. Mas vamos. Viajar o Brasil. Ir até o Pacífico. E depois voltar. Conhecer enquanto é tempo o máximo possível do mundo. Viajar é viver. Quero viajar bastante. De qualquer forma. Com qualquer companhia. De preferência com os grandes amigos. Espero que eles possam ir. Não arrumem desculpas ou percam a vontade. Quando ficarmos velhos ficará mais difícil. A hora é agora. Não temos filhos. Mulheres. Motivos maiores que a vontade de curtir a liberdade. Ser livre é muito bom mesmo.

sábado, setembro 24, 2005

4

Meus irmãos por parte de vida estão amando. Que lindo. Perco um pouco deles. Mas fico feliz por estarem no caminho certo. Afinal não iremos nos casar com nossos amigos. Por enquanto prefiro os amigos, já que não acho a princesa para o meu castelo. Já que não acho não. Já achei. Ela que não me achou. Ou fingiu não achar.

Vou me poupando para quando ela me achar. Quando ela aceitar me achar, pois ela sabe muito bem quem sou. Vou guardando forças, melhorando alguns pensamentos. Trabalhando os ciúmes. Assim quando o dia chegar, estarei na melhor forma de namorado. E assim poderemos viver como um só. E quando isso acontecer, ficará mais fácil evoluir, trabalhar, viver.

Não repetirei nenhum erro já cometido. Inventarei novos erros. Pois ninguem é perfeito. E eu gosto de errar. O erro é o princípio de tudo. Ninguem que começa acertando termina acertando. A vantagem de começar errando é ficar mais feliz quando se acerta. Como se fosse uma evolução. Você melhorou. Se você começa acertando e com o tempo passa a errar terá a sensação de derrota maior. E ninguem gosta de perder. Por maior que seja a glória. Por maior que seja a guerra. Por melhor que seja a derrota.

Meu par ideal. Aquário. Piada. E quem acredita em horóscopo? Eu queria poder acreditar. Mas cada um cria o seu próprio horóscopo, assim como cria sua própria paixão por alguma coisa ou pessoa. Tudo invenção do cérebro humano. Assim quando as pessoas vêem o horóscopo, e tem ao lado o par que diz ser o ideal, ficam juntas por um bom tempo. E nesse tempo perdem o verdadeiro par ideal. Uma prova que horóscopo é sorte são minhas ex-namoradas. Ambas sagitário. Aquario que é bom nada. Acontece.

Coisas da vida. A graça da vida é essa. É um jogo no nível difícil. Pelo menos para os que sonham alto. E esses não estão errados. Tem mesmo que aproveitar. Sonhar é bom. É grátis.

Sempre que começo a procurar em outras pessoas o amor acredito que ele não existe mais. Não me imagino namorando novamente com qualquer pessoa. Com uma ou outra até tento imaginar, mas não sei se daria certo. E essa dúvida faz eu não tentar. Faz eu ficar sem ninguém. Resta-me lamentar.

Hoje só choveu. Não sei se algum milagre aconteceu. Acho que não. Mas que choveu, choveu. Odeio chuva. Só gosto quando é verão. Na volta da praia. Ai sim pode chover. Tirando isso odeio a chuva. Deveria chover no Norte. No Nordeste. Aonde precisam mais que nós. Chuva em Santos igual caos. Ninguem sai para a rua. Ninguem vai para a praia. Ou melhor. Quase ninguem. Para algumas coisas a chuva não é um impecilho. Mas que incomoda, incomoda.

E ir para a faculdade na chuva? A vontade de ficar em casa é muito maior que eu. Mas tem que ter pelo menos um pouquinho de responsabilidade. Então vamos mesmo a pé. Mesmo com chuva. Mesmo com sono. Não sei porque não arrumei a bicicleta ainda. Ela ajuda e muito.

Ouço o sinal. Fim de aula. Vou para casa comer e descansar. Vou andando. A caminhada é longa. Não gosto muito de andar. Prefiro pedalar. E a bicicleta lá em casa. Parada. Tem coisas na vida que não da para entender. O simples ato de consertar a bicicleta acabaria com as caminhadas noturnas. E essas caminhadas são um saco.

Vou cantando. Passa mais rápido. Vou pensando na vida. Falando sozinho. Sempre que me pego falando sozinho dá uma sensação de loucura. Será que sou louco? Ou é normal falar sozinho? Não sei, mas eu gosto. Falar sozinho é um treino para quando falar com alguem. Ou nada a ver? Não sei. Prefiro acreditar que estou ficando louco.

Dois pastéis de queijo e um suco de laranja. Por favor. Matei a fome no caminho. Obrigado. Com a barriga cheia retorno minha caminhada. A noite é longa. Está apenas começando.

Lar doce lar. A rua é minha segunda casa. Algumas vezes parece ser a primeira. Mas só parece. Sento na calçada. Jogos de carta. Jogos de azar. Uma boa hora para testar a sorte. Sento e começo a jogar. E vou jogando. Ganho a primeira partida. Sorte no jogo. Que bom. Continuo jogando. E o tempo passando. Ganho mais alguns jogos. Fico feliz. O jogo me deixa feliz. Sorte no jogo. Azar no amor. Odeio essa frase. Muitas vezes parece ser verdadeira. Os adversários perdem. E vão namorar. Se eu perder não tenho nada para fazer. Então tenho que jogar o melhor possível. E se um dia eu perder e tiver a chance de namorar acharei a derrota algo mais suave. "Parei de jogar para namorar... tudo bem". Enquanto isso não acontece dou o meu melhor nos jogos.

Perder cansa. Ganhar também. Vou para casa descansar. Ainda tenho que trabalhar algumas horas extras graças a folga do feriadão. A verdade é que trabalhar também cansa.

domingo, setembro 18, 2005

5

Odeio as noites mal dormidas. Cansa mais do que ficar acordado até tarde. Preciso comprar um sonífero. O meu terminou ontem. Então o que me resta é rolar na cama até o sono resolver entrar em ação.

Acordo assustado. Tentaram me matar. Era o sonho. Mas deu medo. Não consigo lembrar direito, mas alguem vinha me matar em casa. Me pegar enquanto eu dormia. Que sonho louco. Pesadelo. Fazia tempo que não tinha pesadelos. Se já estava difícil dormir imagine agora? Desisto.

Vou logo cedo para a praia. Tirar fotos. Preferia estar dormindo, mas não tive outra opção. Agora ficarei o dia inteiro com sono. Bem feito. O pior é que nem o sol veio para me ajudar. Qual a graça de tirar fotos em uma praia sem sol? Não consegui achar a graça então voltei rápido para casa. Ficar na internet. Vida de nerd. Vida de merda.

Setembro está no seu meio. Nada de amores novos. Nunca mais vi o carro amarelo também. E ontem esqueci de rezar antes de dormir. Acho que por isso que não tive bons sonhos. Fora isso setembro é um mês comum. Está sendo um mês comum. Vou trabalhar. Para variar um pouco chego atrasado. Hoje não preciso mais ficar até tarde. Graças a Deus.

E não é que o coração bateu mais forte? Fazia tempo. Depois de dois dias seguidos saindo do trabalho mais tarde, fez bem sair cedo. Fez bem eu esquecer o guarda-chuva e ter de voltar para pegar. Fez muito bem. Assim que fechei o portão, um carro passou. Um carro normal. Bonito é verdade. Mas normal. Não era amarelo. O que tinha dentro que não era tão normal. Um sorriso lindo. Cabelos pretos. Só consegui ver o seu rosto. Devia ser baixinha. O coração bateu mais forte. Foi uma simples troca de olhar. Mas bateu.

Olho para a esquina o sinal está aberto. Droga. Nunca mais vou ver essa pessoa. E se eu torcer para o sinal fechar? É, torci. Em segundos o sinal estava vermelho. E o carro parado. Andei mais rápido, queria ver pelo menos mais uma vez. Tentar reconhecer. Ou tentar guardar para sempre o seu rosto.

Consegui. Fiquei meio sem graça em olha-la diretamente, mas olhei. Ela não olhou. Mas eu olhei, e guardei para mim. Já era o sulficiente. Continuo o meu caminho para casa normalmente. O carro tinha dado seta, então pelo menos mais uma vez eu veria. Andei devagar. Atravessei bem na frente. Pelo menos se fosse atropelado seria por alguem aparentemente especial. Mas sem essas. Ser atropelado para conhecer melhor a pessoa não era uma idéia muito sã. Mas atravessar para estar na calçada, do lado do motorista sim. Então atravessei, e fiquei esperando.

Marquei o carro que estava na frente. Um dourado. Estranho e feio. Mas quando ele passasse por mim, seria um sinal de felicidade. Então andei sem olhar para trás. Sem dar na cara que ela era realmente linda. Sem dar a chance do orgulho mudar o destino. Então passou o carro dourado. Olhei para a direita. Troca de olhares número dois. É muito pra mim. É muito para mim o sinal fechar e mais uma vez eu passar do lado. Cena de novela. Vou pedir o seu celular. O seu MSN. O seu coração. Isso não se pede. Tenho vergonha.

Dependendo do trânsito eu vou por uma rua. Ou por outra. Hoje eu não estava nem ligando para o trânsito. Não mudaria o meu caminho por nada. E não mudei. Sabia que teria uma última chance de vê-la. Agora sim a última, a não ser que o destino fosse perfeito. Espero pelo carro feio. Ele passa. Sem orgulho, sem querer descobrir o que ela pensaria, olhei na cara-de-pau. Olhei mesmo. E olharia novamente se voltasse atrás. Olharia todas as vezes. Olharia bem olhada todas as vezes. Orgulho é uma merda. Acho que engolimos o orgulho. No que eu olhei para o lado, o carro passou. Ela olhou ao mesmo tempo. E sorriu. E eu fiquei parado. Bobo. Estatua.

Andei o resto do caminho pensando. Pensando e torcendo para mais uma vez ela passar. Não passou. Mas se um dia novamente passar será diferente. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Mas passa perto. Tomara que continue chovendo a semana toda. Menos hoje. Assim posso pegar uma bicicleta emprestada para ir a faculdade. Odeio andar a pé. Hoje não odiei.

Obrigado.

E agora só quero descansar. Desligar a alma do corpo e sonhar. Ter um sonho bom. Boa noite.

x-x-x

Faculdade de manhã não tem como. Vou estudar para passar de ano direto. E ano que vem matamos as Dp's. Esse ano vamos descansar pela manhã. Ter sonhos bons. Trabalhar a tarde. E estudar a noite. E fim de semana realizar os sonhos bons. Continuar em busca do par perfeito. Para falar a verdade já estou quase desistindo. Acho que quando eu menos esperar por isso, alguem aparecerá. Sempre foi assim. Dessa vez não pode ser diferente.

Vou passear de carro com os amigos. Passar o tempo. Avenidas longas. Ouvindo músicas para pensar na vida. Algumas para pensar e ficar triste. Bater a saudade. Coisa momentanea. Mas forte. A vontade de chorar foi forte. Percebo o quanto a música é boa quando ela é capaz de mudar meu estado de felicidade. Com certeza esse cd era dos bons.

Comento com meus amigos que não lembro a última vez que chorei de tristeza. Eles também não lembram. Pelo menos falaram não lembrar. Bom sinal, sinal que a falta de ter alguem ao lado não é maior que a alegria que as pessoas ao meu redor me passam. Amigos verdadeiros são parte da família. E esses nós vamos levar conosco para o céu.

quarta-feira, setembro 14, 2005

6

A chuva não parou. Eu também não. O dinheiro acabou. E a preguiça entrou em cena pela primeira vez no mês. Depois de um fim de semana prolongado, estou cansado e sem vontade alguma de sair. Se for para a casa de alguem tudo bem. Senão, não.

A chuva não anima. O frio muito menos. Se ao menos tivesse uma namorada. Era só alugar um filme e ficar o dia todo em baixo do cobertor. Mas como não tenho, começo a procurar uma namorada só para o dia de frio. E a procura é complicada. Uma está cansada. Outra ainda não acordou. A outra tem que estudar. Tudo bem. Na minha cabeça tudo desculpas esfarrapadas diferentes. Devem estar todas em casa sem fazer nada. Apenas não querem a minha companhia.
Ontem ganhei um desenho de um amigo meu. Um não. Dois. Em um estava desenhado o gato do clip do Gram. Ele e suas sete vidas no peito. E no outro a gatinha. Com uma última vida. E no canto ela com um pato.

Imagine você dar a sua vida por alguem, e esse alguem te trocar por uma outra pessoa qualquer? A história do clipe é mais ou menos assim. O gato tinha sete vidas. Se apaixonou por uma gata, casaram. Na lua-de-mel, ele tira a roupa dela, e vê em sem peito um número 1. Última vida da gata. Última vida da pessoa que ele ama.

Então ele comete o erro de se entregar a uma mulher. Começa a se matar propositalmente, para ficar com uma vida, e assim curtirem a última vida de ambos, juntos. Quando ele fica com a última vida, vai para casa todo feliz, mostrar para ela sua prova de amor. E que prova. Dar suas vidas, para viver a última com ela. E quando ele chega na casa, ela esta na cama com um pato. Fumando cigarro e com o pé para fora do lençol. Pato filho da puta.

Será mesmo o pato o errado na história? Ou a gata? Ou nenhum? Afinal cada um faz o que quizer da sua vida. Assim como ele preferiu perder todas as suas vidas para curtir a última com a pessoa amada, ela preferiu curtir a última com qualquer um. E o homem, na história, fica mais uma vez com cara de idiota. E a mulher mostra que manda. Ou que pelo menos não tem preocupação com o sentimento do seu companheiro.

Esse clipe faz parar para pensar se vale a pena se entregar por amor. Eu não faria isso. Eu acho. Já fiz, e me ferrei. E o pior é que não sou o gato. Não tenho sete vidas.

Milagres acontecem. Vou comprar um guarda-chuva novo pois irá chover com certeza. Depois de mais de um mês enrrolando, arrumei a minha bicicleta. Estou feliz. Posso dizer que muito feliz. O ânimo para ir às aulas voltou. Agora não tenho mais desculpas. A não ser que chova muito. Mas vou dar um jeito de ir de bicicleta e guarda-chuva novo.

Cabelo grande. Barba grande. E sábado dia grande. Ou grande dia. Depois de esperar por meses, posso dizer que chegou a hora. Faltam dois dias é verdade. Mas para quem esperou vários, dois não é nada. Então estou no embalo do fim de semana que está por vir. O destino é o mesmo pela segunda vez no mês. São Paulo. Agora com o objetivo de assistir à um show. E um grande show.

Todos que vão gostam bastante. Todos que vão eu gosto bastante. Então não tem porque ser ruim. Mesmo se um pneu furar novamente, o dia não poderá ser perdido por isso. E se chover? Pode chover. Vamos para a casa de um amigo nosso e ficaremos lá o dia todo. Jogando conversa fora. Na maioria das vezes jogando conversa dentro. Conversas boas. Pessoas boas. Amigos de verdade. Amigos desde a infância. Não tem interesse em nada. Apenas na amizade. Isso sim é o bonito de uma amizade. Ser amigo por ser amigo.

Mas vou torcer para não chover. Vai dar para andar de skate. Vai dar para passear por algum parque. E mesmo que o destino seja a casa do amigo, vamos poder jogar bola. Nunca foi tanta gente para lá. Pela primeira vez poderemos jogar um contra. E depois tomar uma cerveja. Ou um refrigerante no meu caso. Parei de beber. Apesar de achar que em ocasiões como esta Deus perdoa. Então vamos guardar para a hora. Não vamos planejar. Nem comentar com ninguem. Senão dá azar. Senão chove.

Fui para a aula de bicicleta. Não chegou a chover. Uma pequena garoa. Não precisei usar o novo guarda-chuva. Ainda bem. Não tenho nenhum. As aulas passam rápido. Depois da aula um passeio pela praia. No caminho um Mc Donald's. Não mereço isso.

Mato a fome. Ou a fome me mata. Não consigo descobrir. Depois ver o time querido jogar. Jogar e vencer. Mais um motivo para ficar feliz. E só de olhar o calendário já tenho outro motivo. O fim de semana se aproxima cada vez mais. Cada vez mais rápido. Não tem como mentir nem esconder que a ansiedade é grande. Os preparativos para os grandes dias são assim. Lembram final de campeonato.

Será que tudo isso tem alguma coisa a ver com o carro amarelo estar parado em frente ao meu trabalho? Acho que não. Ele não tem tanto valor quanto no começo do mês. Acho que ele não trás sorte, nem azar. É apenas um carro bonito. E que fica perto ou longe sem ter ligação alguma comigo. Afinal, não sei quem é o dono, e o dono não sabe quem sou eu. E eu achando que ele realizava pedidos. E olhava para ele e pedia um amor. Que idéia de louco. Um carro realizar sonhos? Acho melhor procurar uma lampada mágica.

terça-feira, setembro 13, 2005

7

Adoro estes finais de semana prolongados. Começam na quarta-feira a noite, após o futebol. E terminam somente na madrugada de domingo. O tão esperado fim de semana chegou. E não podia ter começado melhor. Existem sonhos em formato carne e osso. Disso eu tive certeza hoje. Amor a primeira vista. Não posso mentir. Pude ver com meus próprios olhos o projeto de pessoa que sonhei em ser meu par. E pretendo fazer com que isso se realize. Linda. Linda para sempre. Isso que é o melhor.

Quando você acha que gosta de alguem. Ou que não gosta de ninguem. Sempre aparecem umas pessoas para por a sua duvida em jogo. E hoje eu cai do muro. Existem sim pessoas que tocam as outras com muito pouco. Não quero mais falar disso. Não será fácil tirar da memória. Apenas o oi. E o sorriso no oi. Mais uma vez agradeço a Deus pelo dia. E que venham melhores.

Acordo antes das dez horas da manhã. É sábado.Não estou na minha cama. Dormi na casa de um amigo para facilitar a viagem. Vamos para São Paulo. Mal consigo abrir meus olhos. O sono impera. Mas não tem como ficar com sono quando se está indo viajar. Então é bom acordar. Acordar e buscar os amigos. E depois começar a viagem. Literalmente a viagem.

Entro no carro e coloco um cd. A música é especial. Lembra alguem especial. Começo então o dia especial ouvindo uma música especial. E percebo que me encontro em uma tremenda confusão. Mulheres. Meninas. Amores inventados, platônicos e irreais. Cada um da sua forma e com seu valor. E o amor verdadeiro? O amor correspondido? Esse eu ainda não encontrei para vender.

Continuo a procura. Já que São Paulo é uma cidade grande, quem sabe eu encontre lá um amor. Quem sabe?

Vamos devagar. Sem pressa. A pressa não leva a coisas boas. Paramos naqueles restaurantes de estrada. Tomar uma Coca-Cola. Ir ao banheiro. Posso dizer que a ida ao banheiro foi mesmo engraçada. Relembramos a época de nossos pais. E pé na estrada. Pois o destino final ainda estava longe.

Passamos o limite de municipios. Não estamos mais em Santos. Não estamos mais em casa. Agora podemos ser diferentes. Não devemos nada para ninguem. Não conhecemos ninguem. Então não vou deixar de fazer nada. Nada.

Mal chegamos à São Paulo e começam a aparecer as diferenças de uma cidade para uma metrópole. Carros importados. Lojas gigantescas. Bingos que me fazem pensar que estou em Las Vegas. Restaurantes diferentes. Restaurantes? Tinhamos combinado de comer em uma pizzaria. O único problema é não imaginar onde teria uma. Em uma cidade gigantesca, a dificuldade para achar seria gigantesca.

Seria grande a dificuldade se não estivessemos no nosso dia. Mas como estavamos, foi só pensar na pizzaria que logo apareceria uma em nossa frente. E apareceu. Confesso que não consegui pensar muito. A fome era grande. A coincidência também. E os olhos azuis da recepcionista me deixaram sem falar por pelo menos cinco minutos. Se meu amigo não perguntasse se eram lentes, eu juraria que eram. Mas ela não teria porque mentir. Lindos olhos.

Parece que não estou mais no Brasil. Tudo diferente. Não entendo nada. Não quero entender mesmo. Apenas peço a pizza e mato a fome com prazer. Depois peço a sobremesa e mato o prazer com prazer. As pessoas ao redor parecem estar impressionadas. Será que nunca viram alguem feliz? Talvez este seja o lado ruim das grandes cidades. A dificuldade de achar alguem menos sério. Alguem vivendo pelo prazer de viver.

Vamos passar o tempo no shopping. E que shopping. Chego a me perder dentro dele. Muitos andares. Muitas lojas. Quanto tempo sem passear por um shopping. Acho uma livraria gigante. Megastore. Vou tomar um café.

Café tomado. Vontade de ir embora. Parada obrigatória no banheiro, antes da volta ao carro. Saio do banheiro vendo as coisas diferente. Ouvindo diferente. Normal. Já passa.

Começamos a procurar a saída certa. Vamos lembrando das lojas que passamos em frente, e assim voltando ao ponto de partida. Foi difícil mas conseguimos. Ainda bem.

Ibirapuera. Última parada obrigatória antes do show. O dia já esta perfeito. E ainda temos o show. É muita coisa para o mesmo dia. Vamos descansar para ir para o show com a alma em par com Deus.

Verde. Chegamos ao encontro com o verde. Ibirapuera. Árvores, mais árvores. E verde. Muito verde. Skate. Violão. Não. O violão hoje não participará. Perdeu uma corda no caminho. Será diferente da outra vez que fomos. Um parque com o objetivo de descansar. Andar de skate. E esticar os ossos. Deito na primeira grama que vejo. Deito e pego a boina.

Quando levanto vou andar de skate. Nossa, muito bom fazer isso. Nem pareço ter vinte e dois anos. Que bom. Mais longe de morrer. Fico andando bastante tempo. Mato a saudade para ela não me matar. E vou andando. Bem pior que antes é verdade. Mas o necessário para renovar a alegria. Erro a manobra e perco o equilibrio. Para não cair me apoio em um cartaz no ponto de ônibus. Adote um sonho está escrito. Porque essas coisas acontecem comigo? Só queria saber o porque.

O fim de tarde vem chegando e vamos nos preparando para a batalha final. Chegamos cedo a porta. Vamos entrando no ritmo do ambiente. Bonito ambiente. Pessoas bonitas. Interessantes. Vou procurar minha mulher.

Em uma rápida olhada pela fila não me empolgo. Acho mesmo que minha mulher já é conhecida. Resta apenas deixar o tempo passar. E quando a hora vier vou comprar centenas de fogos de artifício para comemorar.

Vamos a um bar na rua ao lado. Tomar uma cerveja. Um copo ao menos. Matar a sede. E manter a loucura. Mais um boteco para a lista de bares visitados. Me sinto em casa. Apesar de não me lembrar do nome do bar. Queria voltar logo para a fila. Não queria perder uma possível chance de encontrar um amor.

Pedimos a conta e voltamos à fila. É. A hora chegou. A fila começa a andar. E anda rápido é verdade. Me faz lembrar anos atrás. Era um pensamento de vida para mim. A fila anda. Não tem andado. Mas anda.

Entramos no show. Faltam algumas horas para começar. Pegamos nosso lugar bem em frente ao palco. Encostado na grade para ser preciso. Sentamos, pois esperar de pé cansa.

As pessoas começam a entrar. Começa a encher. Muitas mulheres. Algumas meninas. E algumas param bem ao nosso lado. Parecem ser legais. Não são do tipo sonho de consumo. Mas na ocasião não seria uma má idéia. Começo a me arrepender em ter bebido apenas um copo no bar.

Chegam mais pessoas. E mais meninas. Três param atrás de nós. Não sei se estou mal dos olhos ou as meninas se beijavam. Não as três. Duas. Então vou olhar para a outra que está sozinha. Não sei porque fiz isso. Acho que achei a pessoa. Morena. Sorriso perfeito. Olhos perfeitos. Por tanto, perfeita. Depois da troca de olhares, prefiro não olhar mais para não perder a razão. E não deixar a emoção me levar.

Penso em pedir um beijo seu. Vou esperar uma das músicas que eu gosto para fazer isso. E a música assim vai passar a ter razão. E eu vou passar a ser o mais feliz.

O show começa. Não falo mais com ninguem. Nem ninguem com ninguem. Fico prestando atenção no show. E olhando para o lado. Fico no aguardo de tocar três músicas. Quando uma das três tocar, vou falar no ouvido dela como eu faço para ganhar um beijo. E se ela rir, ou falar que não sabe, darei o beijo. E se ela falar que eu tenho que fazer algo, não sei o que fazer para conquistar a mulher mais bonita do show. E talvez falando isso ela fique sem graça e eu consiga. Mas e se ela falar que tem namorado? Ou namorada?

O tempo passa. Começa a primeira música das três que eu aguardava. Logo a que eu mais gosto. Ela me faz pensar em amores passados. Então seria bom mudar essa história e passar a pensar em um novo amor. Mas me falta coragem. A música termina e nada.

Começa a próxima música. Outra das três. Morena.

É verdade que essa música já me lembra outra pessoa. Mas a morena do show é ela. Não estrago a música. Não faço nada. Guardarei para o final. Guardarei para o vencedor.

O erro foi ai. Guardar para o final, para a música que mais lembra alguem. Uma pessoa que acabei de ver pela primeira vez, não pode ter maior valor que um amor. Mas se eu fizer por mim. Em comemoração ao dia, ao show. Ser eu o vencedor. Sem pensar em mais ninguem.

O show termina. Tudo que foi pensado ficou somente em pensamento. Tudo que foi visto ficou na memória. Não tiramos fotos. Ficou guardado tudo na memória de quem estava lá. E hoje, após acordar, tenho que admitir estar com saudades de ontem. Poderia ter sido melhor. Poderia ter sido diferente. Mas de nenhuma forma seria pior.

Sinto que preciso ver Efeito Borboleta novamente. Não aprendi a lição que pequenas atitudes mudam o destino. Poderia ter mudado ele para melhor nesse fim de semana. Ou então, devido a atitudes tomadas, mudar o que eu penso sobre um futuro bom. Sobre os sonhos a serem realizados com pessoas reais. É muito difícil pensar assim. Você nunca sabe quando acerta e quando erra.

Pé na estrada. Lar doce lar. Último alvo do fim de semana. Comer. Comer e depois tomar um ar perto da praia. Se não fosse o sono, até tomariamos o ar na praia. Mas com o sono não dá para brincar. E depois de comer a única coisa que consigo lembrar é da minha cama. E das chances perdidas.

segunda-feira, setembro 12, 2005

8

Entro na última semana de setembro com o pensamento dedicado a faculdade, ao trabalho e a evoluir na vida. Mandei pela manhã alguns curriculos e algumas publicações minhas para editoras, revistas, jornais. E assim vou tentar ser alguem. Ser uma pessoa com nome e sobrenome. Fazer mudar. Fazer valer.

Não pensarei no amor. Não tratarei o amor como algo principal. Cansei dessa vida de acreditar no amor. As pessoas não tem mais amor por si próprias. Imagine pelos outros. Serei o comum. A carne cobrindo os ossos. E o dinheiro cobrindo os bolsos. A mão dada a pessoa amada é fria. O beijo não tem sabor. O homem maquinizado. E rico. Feliz por ser rico. Tenho que achar a felicidade no dinheiro. Pois pelo amor esta difícil.

E se for rico acharei uma pessoa que me queira. Ou que queira o meu dinheiro? Por isso que eu acreditava no amor. Se for para gostar de mim tem que ser amor mesmo. Não tenho grana. Mas posso fazer alguem feliz.

Preciso cuidar mais de mim. Fazer mais as coisas boas que fazia antigamente. A vida vai passando e as pessoas vão deixando as coisas que mais gostam de fazer para trás. Talvez por isso morrem mais cedo. Por deixar de fazer o que gostam. Não quero ser igual aos outros. Vou fazer o que tiver vontade. E se eu não achar um par nessa caminhada não vou me preocupar. Qualquer coisa eu negocio minha alma. É isso mesmo. Qualquer coisa troco minha alma pela pessoa amada.

Vou aos correios. Recebi duas cartas. Preciso retirar no local. O que será? Não comprei nada. Não estou esperando nada. Será que em uma das duas é a namorada que eu tanto falo? Ou será engano? Me troco e vou aos correios. Almoço pela rua e volto a noite com as embalagens fechadas. Não sou muito curioso. Só para algumas coisas. E para essa eu estava bastante. Imaginava algo bom. Algo muito bom. Abro. E o sorriso aparece. É verdade. A lágrima tambem. Posso dizer que estou feliz. Feliz e realizado. É realmente muito gratificante ver um livro seu publicado. Digo isso de coração.

O primeiro pacote era grande. E a surpresa foi grande. Vou abrir o menor. Não crio espectativa alguma para ele. Parece aquelas cartas que namoradas mandam. Ou ex-namoradas. Ou afim-de-ser-sua-namorada. Mas essa última eu nunca tive. Talvez seja ela dizendo que finalmente me achou.

Não era isso. Era muito melhor. Era realmente o meu dia. Aqueles dias que você assiste apenas nos filmes. Não sei por qual mérito me escolheram. Não falo nem inglês. Talvez seja meu santo forte. Realizador dos meus pedidos. De quase todos é verdade. Agradeço.

Agora a vida séria começa. Trabalhar em uma revista. Ter um livro publicado. Acabou o tempo livre para viajar, curtir com os amigos todos os dias. Todos os fins de semana. Tenho que ir daqui uma semana para São Paulo. Cabelo curto. Barba feita. Outubro vai começar melhor que setembro. Começo a procurar a carteira de trabalho. Volto a ser o orgulho de mamãe. Que bom. Ela estando feliz também fico feliz.

Passo o fim da noite deitado no sofá. Comendo pipoca e vendo futebol. Quando a fase é boa até o futebol volta a ser algo bom. Meu time vence. Vou para o computador feliz. Não consigo parar de pensar como tantas coisas impossíveis se tornaram possíveis em apenas um dia. Milagre. Obra divina. Só pode.

Começo a acreditar que posso realizar o que penso. Será que adquiri esse poder? Faço o teste. Penso em seis números. Não me vêm nenhum. Foi mesmo sorte. Ou coincidência. Ou destino. Mas não tenho esse poder.

Deito e fico pensando mil coisas. Será que algumas vão realizar? Ou usei todo o poder nos pedidos para o meu futuro? E uma mulher? Precisarei ter uma mulher. Filhos. Vou ficar pensando em alguma mulher. Pensarei na mais difícil. A mais impossível. Mas também a melhor. Afinal será a mulher da minha vida.

quinta-feira, setembro 01, 2005

9

Hoje acordei mais feliz. Talvez mais gordo. Menos magro pra ser mais preciso. Mas muito mais feliz. Essa era uma certeza. Fui passear com o cachorro. Fui na casa da minha avó. Subi na goiabeira. Joguei futebol, andei de skate. Parecia ter cinco anos. Estava feliz. Tudo vinha dando certo. Setembro estava chegando ao seu fim e tinha sido um mês no mínimo bastante gratificante.

Teve de tudo um pouco. Viajei de carro. Viajei de moto. Viajei parado. Viajei bastante esse mês. Também trabalhei. E tambem estudei. Descansei pouco. Mas pensei muito. Troquei as horas de sono por horas de pensamento. Sinto saudades da minha cama. Em setembro tambem choveu. Choveu de tantos pedidos impossiveis realizados. Só eu devo ter causado uns dois dias de chuva. Imagine o resto das pessoas.

Mudou bastante minha vida. Mudou para melhor. Será que tem como ficar melhor ? Eu sei que sim. Se ouvissem o que eu penso antes de dormir...

Vou à praia. Tomar um ar. Tomar uma água de coco. Tomar um vento na cara. Fazer castelos, fazer guerras de areia. Fazer tudo que possível. Estou feliz afinal. Estou bem feliz afinal.

Sento na areia. Vejo um guarda-sol passar voando. Uma moça correndo atrás feito louca. É, nem todo mundo está tão tranquilo quanto eu. Mas por quê estou tão tranquilo ? Será por estar indo bem na faculdade? Ou será por ter conseguido o emprego na revista que sempre sonhei ? A.. deve ser um pouco de tudo. Só pode ser um pouco de tudo.

Vou começar a construir minha vida. Pensar em ter filhos. Comprar um carro. Um apartamento. Deixar tudo do meu jeito. É, com esse novo emprego vai dar para realizar todos os sonhos. Viajarei o mundo. Com os amigos. Sozinho. Com minha mulher. Com meus filhos. Quantos sonhos. Muitos sonhos. Uma única vida. Irei comprar um relógio que marque 60 horas por dia. Só assim realizarei todos esses sonhos.

Vou embora da praia. Cansei de sonhar. As coisas não acontecem para mim tão facilmente. Sempre peço a Deus para realizar alguns pedidos. Ele realiza uns, outros não. Porque ? Eu entendo que ele saiba o que faz. Mas eu sei quem me faria feliz. Eu daria minha vida pra ter o alguem do meu lado nem que fosse por 1 dia.

Olha que coincidência. Acabo de encontrar com a pessoa que amo. Ela está indo para a praia. Acabei de voltar da praia. Não tem porque voltar à praia só para agradá-la. Ou tem ? É meu amor. Será um sinal? Vou à praia sem pensar duas vezes.

A moça do guarda-sol não está mais lá. O sol também já pediu para descansar. E nós lá. Sem saber o porque. Sem imaginar o porque.

Ela sabe minhas intenções. Nunca menti. Eu não entendo as suas intenções. Acho que ela já mentiu para mim. Dou a mão. Tudo bem. Dou um abraço. Tudo bem. E o beijo ?

- O beijo não posso.

Tudo bem. Talvez tenha razão. O destino é ela lá, e eu aqui. Não somos o par perfeito. Pelo menos para ela. Então vou embora.

Algo me segura. Não me deixa partir. Estranho. De repente ela pega na minha mão. Tudo bem. Nada demais. Ela me pede um abraço. Eu dou. E o beijo não sei se eu dei ou ganhei. Sei que estava concretizado. Eu sentia que era de verdade. Não era apenas eu quem estava curtindo. Os dois estavam. Meu pedido estava realizado.

Não durou nem cinco minutos. E dai? Era meu sonho. Estava 100% feliz. Estava nas nuvens. Enfim, senti o gosto da vitória. O gosto da espera. O gosto de uma vida toda centrada apenas para um objetivo. Um amor.

Ela se vai sem falar nada. Eu fico parado. Estátua. Bobo. Feliz. E muito mais feliz. Agora sim. Emprego bom e amor bom. Agradeço a Deus.

Volto para casa desligado do mundo. Sorriso de orelha a orelha. Me distraio. Tropeço no chão. Quase caio. Cair não teria nenhum problema. Estava feliz. Não via a hora de chegar o amanhã.
Construir a família desejada. Será que ela me aceita como namorado?

Vejo uma luz em minha direção. E essa luz aumenta cada vez mais. O barulho também. Merda. É um carro. Em minha direção. Ele me acerta. Caio desacordado. O motorista some. O carro não. Está ao meu lado. Muito bonito. Amarelo. É, era amarelo o carro. Era o carro amarelo. Ele veio me pegar. Ele que tinha como objetivo trazer um amor está querendo me levar. Nunca confiei nesse carro amarelo.

Vejo meu corpo destruído no chão. Começo a subir. Não existe força que faça eu ficar. Foi meu pedido. Não poderei reclamar. O resgate chega. Em vão. Só espero que não acordem minha mãe para dar a notícia. Deixem ela terminar o seu sono ao menos.

Não durmo mais. Apenas sinto o dia clarear. Pessoas ao redor do meu corpo. Mal sabem que eu não estou mais ali. Choram por um corpo. Um corpo que não vale nada. Um corpo estragado por fora. Vazio por dentro. Quantas pessoas. Realmente são muitas pessoas. Poderia criar um lago com tantas lágrimas. Fico feliz. Morto e feliz.

terça-feira, agosto 30, 2005

10

Bem vindo ao céu.

Era Deus conversando comigo. Que estranho. Continuo vendo as pessoas que gosto, e agora fui convidado a ser um anjo. Um anjo da guarda. Minha missão é proteger as pessoas que gosto e dar amor a elas. Fazer com que elas consigam o seu melhor. Eu vim parar aqui, tendo feito tudo que quis. Se foi uma troca justa não sei, não queria mais esperar o tempo agir por si só, então negociei a alma. Não reclamo. Não comemoro. Já foi. Agora não tem mais volta.

Como bom anjo da guarda, farei meus amigos serem felizes. Serem o que sempre sonharam, e me contaram. Os que não me contaram os seus sonhos, não poderei ajudar. Mas alguem poderá. E por muita irônia do destino, terei de escolher um par, para a pessoa que sonhei ser o meu par. Isso eu não desejo a alguem.

Dei a minha vida por ela. E agora dou um alguem à ela. Que irônia. Darei alguem bom. Farei ela feliz, sem ela saber que sou eu quem estou fazendo ela feliz. E ela dirá todo dia 'amor eu te amo'. E eu vou achar que é para mim. E assim ficarei feliz. Na medida do possível feliz.

Sinto saudades da minha família. Poderia ter brigado menos com eles. Falado menos coisas ruins. Agradado ao máximo. Mas não sabia que iria partir assim sem dar tchau. Se eu tivesse mais um dia. Se... Se...
Quando era criança ouvi uma frase, que devia ter levado para toda a vida. "Nunca deixe uma pessoa que você gosta sem um sorriso. Pois pode ser a última vez que você vê essa pessoa." E foi.

Porque foi assim tão rápido? Não cheguei a trabalhar na revista que sonhei. Que fui convidado a trabalhar. Não cheguei a mostrar meus livros às pessoas que gosto. Não fiz muitas coisas que queria. Deixei tantos outros sonhos para trás. Tive a felicidade de realizar alguns, mas não deu tempo nem para comemorar. Minha vida foi levada assim. De repente.

Acreditei que o amor era maior que tudo. E que tendo o amor perfeito como base, as outras coisas viriam com o tempo. Vi na pessoa errada o amor. Paguei com a minha vida pela minha opção escolhida. Não posso reclamar.

Lá embaixo meus amigos continuam fazendo as mesmas coisas. Sempre que possível lembram de mim. Fico feliz por isso. Fico feliz por ser lembrado. Não importa se é no bar ou na praia. Lembram de mim. E isso já é o importante.

Já a razão por eu não estar mais no plano terrestre mal lembra de mim. Não sente minha falta. Eu queria ela. Ela nunca me quis. Quando consegui, achei que era por amor. E não era. Estava tudo planejado. Meu destino era não te-la. E eu insisti no erro.

Outro dia ela foi com o seu "amor" comprar um carro. Ela não abriu a boca, não opinou pelo modelo, pelo preço, por nada. Por quase nada. Só pediu uma coisa. Uma única coisa.

Que o carro não fosse amarelo.