terça-feira, agosto 30, 2005

10

Bem vindo ao céu.

Era Deus conversando comigo. Que estranho. Continuo vendo as pessoas que gosto, e agora fui convidado a ser um anjo. Um anjo da guarda. Minha missão é proteger as pessoas que gosto e dar amor a elas. Fazer com que elas consigam o seu melhor. Eu vim parar aqui, tendo feito tudo que quis. Se foi uma troca justa não sei, não queria mais esperar o tempo agir por si só, então negociei a alma. Não reclamo. Não comemoro. Já foi. Agora não tem mais volta.

Como bom anjo da guarda, farei meus amigos serem felizes. Serem o que sempre sonharam, e me contaram. Os que não me contaram os seus sonhos, não poderei ajudar. Mas alguem poderá. E por muita irônia do destino, terei de escolher um par, para a pessoa que sonhei ser o meu par. Isso eu não desejo a alguem.

Dei a minha vida por ela. E agora dou um alguem à ela. Que irônia. Darei alguem bom. Farei ela feliz, sem ela saber que sou eu quem estou fazendo ela feliz. E ela dirá todo dia 'amor eu te amo'. E eu vou achar que é para mim. E assim ficarei feliz. Na medida do possível feliz.

Sinto saudades da minha família. Poderia ter brigado menos com eles. Falado menos coisas ruins. Agradado ao máximo. Mas não sabia que iria partir assim sem dar tchau. Se eu tivesse mais um dia. Se... Se...
Quando era criança ouvi uma frase, que devia ter levado para toda a vida. "Nunca deixe uma pessoa que você gosta sem um sorriso. Pois pode ser a última vez que você vê essa pessoa." E foi.

Porque foi assim tão rápido? Não cheguei a trabalhar na revista que sonhei. Que fui convidado a trabalhar. Não cheguei a mostrar meus livros às pessoas que gosto. Não fiz muitas coisas que queria. Deixei tantos outros sonhos para trás. Tive a felicidade de realizar alguns, mas não deu tempo nem para comemorar. Minha vida foi levada assim. De repente.

Acreditei que o amor era maior que tudo. E que tendo o amor perfeito como base, as outras coisas viriam com o tempo. Vi na pessoa errada o amor. Paguei com a minha vida pela minha opção escolhida. Não posso reclamar.

Lá embaixo meus amigos continuam fazendo as mesmas coisas. Sempre que possível lembram de mim. Fico feliz por isso. Fico feliz por ser lembrado. Não importa se é no bar ou na praia. Lembram de mim. E isso já é o importante.

Já a razão por eu não estar mais no plano terrestre mal lembra de mim. Não sente minha falta. Eu queria ela. Ela nunca me quis. Quando consegui, achei que era por amor. E não era. Estava tudo planejado. Meu destino era não te-la. E eu insisti no erro.

Outro dia ela foi com o seu "amor" comprar um carro. Ela não abriu a boca, não opinou pelo modelo, pelo preço, por nada. Por quase nada. Só pediu uma coisa. Uma única coisa.

Que o carro não fosse amarelo.

segunda-feira, agosto 29, 2005

Eu