segunda-feira, setembro 26, 2005

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Arrumo as malas. Ou melhor a mala. Não tenho mais a mochila predileta. E dai ? Tenho minha mochila mais antiga. Minha primeira mochila. Old School total. Pego as roupas que eu menos uso no dia-a-dia. Pego as mais feias. As mais sem graça. Pego a mais nova também. E guardo para a volta. Lar-Doce-Lar, camisa nova. Fora de casa. Camisa velha. Talvez para dar sorte. Talvez para não ser o mesmo da rotina. E com certeza para me sentir mais feliz.

Interior. Paz para o interior. Dormir o dia todo. Como faz tempo. Fazia. Descansei bastante. Recuperei algumas energias. Me sinto melhor. Amigos e amigas. Não os melhores. Nem os maiores. Os ideais para o momento. Não levo amor. Quero renovar o amor. Será que é possível? Vamos tentar.

Primeiro momento em que bate a saudade lembro de uma pessoa que eu não imaginava. Não tinha sentimento algum quando tinha a chance de tê-la ao lado. E agora que não tenho, sem mais nem menos, percebo o quanto errei. Poderia estar muito bem com uma pessoa muito boa. Destino. Jogo a culpa pra ele e consigo pensar melhor. Não preciso trabalhar para nada. Qualquer coisa, a culpa é dele.

Bate saudades de ex-amores. Bate saudade do meu cachorro. E de tomar leite. Vontades que fazem parte da vida urbana. Vida de rotina. Não imaginei sentir saudades. Mas quem gosta, sente. E eu senti.

Dezesseis chamadas não atendidas. Que irado. Mesmo longe meus amigos me ligam. Será que alguma amiga também me ligou ? Vai ser perfeito. Eu ter pensado nas pessoas e elas indiretamente pensando em mim. Vejo as ligações. Home. Home. Home. Dezesseis Home.
Talvez meu cachorro estivesse mesmo com saudades. Não é atoa que é o melhor amigo do homem.

Não passeio pela cidade. Não posso dizer se ela é legal, bonita, ou horrível. Pelo que vi pela janela do táxi parece ser calma. Quando eu for velho, tiver meus 80 anos, vou me mudar para lá. Casas grandes, com árvores. Não tem barulho. Não tem bagunça. Por mim morava lá hoje em dia. Mas tenho alguns sonhos para realizar. Vamos deixar esse como último sonho.

Após cinco dias de loucura e descansos volto a minha cidade natal. O ar é mais legal. Tudo é mais legal. É meu. É nosso. Um bom filho à casa torna. E eu não quero ser o patinho feio da história. Não encontro com meus amigos no lugar de sempre. Ligo e eles não vão sair. Quando percebo estou na praia, sentado, conversando com eles. Realmente por a culpa no destino cansa menos.

Combinamos de sair do nada. Depois da faculdade. Depois dos compromissos. Para não perder o costume. As férias estão longe ainda. E nas férias não tem quem nos separe. Nem pai, nem mãe, nem amores. Espero.

Penso em deletar algumas músicas do computador. De tão bem, me fazem mal. Como as grandes paixões cotidianas. É duro mais vai mudar. Quem fala é o doutor.

Combinamos de viajar de bicicleta. Lembro que a minha está para arrumar a um tempão. Acho que desde o começo do mês. Preguiça. Falta de tempo. Não sei ao certo. Sei que ela está abandonada. Espero que esteja no bicicletário ainda. Senão perderei minhas pernas de borracha. Perderei a viagem de bicicleta.

E se não der certo vamos de moto. Vamos de carro. Ou de ônibus. Mas vamos. Viajar o Brasil. Ir até o Pacífico. E depois voltar. Conhecer enquanto é tempo o máximo possível do mundo. Viajar é viver. Quero viajar bastante. De qualquer forma. Com qualquer companhia. De preferência com os grandes amigos. Espero que eles possam ir. Não arrumem desculpas ou percam a vontade. Quando ficarmos velhos ficará mais difícil. A hora é agora. Não temos filhos. Mulheres. Motivos maiores que a vontade de curtir a liberdade. Ser livre é muito bom mesmo.