quarta-feira, setembro 14, 2005

6

A chuva não parou. Eu também não. O dinheiro acabou. E a preguiça entrou em cena pela primeira vez no mês. Depois de um fim de semana prolongado, estou cansado e sem vontade alguma de sair. Se for para a casa de alguem tudo bem. Senão, não.

A chuva não anima. O frio muito menos. Se ao menos tivesse uma namorada. Era só alugar um filme e ficar o dia todo em baixo do cobertor. Mas como não tenho, começo a procurar uma namorada só para o dia de frio. E a procura é complicada. Uma está cansada. Outra ainda não acordou. A outra tem que estudar. Tudo bem. Na minha cabeça tudo desculpas esfarrapadas diferentes. Devem estar todas em casa sem fazer nada. Apenas não querem a minha companhia.
Ontem ganhei um desenho de um amigo meu. Um não. Dois. Em um estava desenhado o gato do clip do Gram. Ele e suas sete vidas no peito. E no outro a gatinha. Com uma última vida. E no canto ela com um pato.

Imagine você dar a sua vida por alguem, e esse alguem te trocar por uma outra pessoa qualquer? A história do clipe é mais ou menos assim. O gato tinha sete vidas. Se apaixonou por uma gata, casaram. Na lua-de-mel, ele tira a roupa dela, e vê em sem peito um número 1. Última vida da gata. Última vida da pessoa que ele ama.

Então ele comete o erro de se entregar a uma mulher. Começa a se matar propositalmente, para ficar com uma vida, e assim curtirem a última vida de ambos, juntos. Quando ele fica com a última vida, vai para casa todo feliz, mostrar para ela sua prova de amor. E que prova. Dar suas vidas, para viver a última com ela. E quando ele chega na casa, ela esta na cama com um pato. Fumando cigarro e com o pé para fora do lençol. Pato filho da puta.

Será mesmo o pato o errado na história? Ou a gata? Ou nenhum? Afinal cada um faz o que quizer da sua vida. Assim como ele preferiu perder todas as suas vidas para curtir a última com a pessoa amada, ela preferiu curtir a última com qualquer um. E o homem, na história, fica mais uma vez com cara de idiota. E a mulher mostra que manda. Ou que pelo menos não tem preocupação com o sentimento do seu companheiro.

Esse clipe faz parar para pensar se vale a pena se entregar por amor. Eu não faria isso. Eu acho. Já fiz, e me ferrei. E o pior é que não sou o gato. Não tenho sete vidas.

Milagres acontecem. Vou comprar um guarda-chuva novo pois irá chover com certeza. Depois de mais de um mês enrrolando, arrumei a minha bicicleta. Estou feliz. Posso dizer que muito feliz. O ânimo para ir às aulas voltou. Agora não tenho mais desculpas. A não ser que chova muito. Mas vou dar um jeito de ir de bicicleta e guarda-chuva novo.

Cabelo grande. Barba grande. E sábado dia grande. Ou grande dia. Depois de esperar por meses, posso dizer que chegou a hora. Faltam dois dias é verdade. Mas para quem esperou vários, dois não é nada. Então estou no embalo do fim de semana que está por vir. O destino é o mesmo pela segunda vez no mês. São Paulo. Agora com o objetivo de assistir à um show. E um grande show.

Todos que vão gostam bastante. Todos que vão eu gosto bastante. Então não tem porque ser ruim. Mesmo se um pneu furar novamente, o dia não poderá ser perdido por isso. E se chover? Pode chover. Vamos para a casa de um amigo nosso e ficaremos lá o dia todo. Jogando conversa fora. Na maioria das vezes jogando conversa dentro. Conversas boas. Pessoas boas. Amigos de verdade. Amigos desde a infância. Não tem interesse em nada. Apenas na amizade. Isso sim é o bonito de uma amizade. Ser amigo por ser amigo.

Mas vou torcer para não chover. Vai dar para andar de skate. Vai dar para passear por algum parque. E mesmo que o destino seja a casa do amigo, vamos poder jogar bola. Nunca foi tanta gente para lá. Pela primeira vez poderemos jogar um contra. E depois tomar uma cerveja. Ou um refrigerante no meu caso. Parei de beber. Apesar de achar que em ocasiões como esta Deus perdoa. Então vamos guardar para a hora. Não vamos planejar. Nem comentar com ninguem. Senão dá azar. Senão chove.

Fui para a aula de bicicleta. Não chegou a chover. Uma pequena garoa. Não precisei usar o novo guarda-chuva. Ainda bem. Não tenho nenhum. As aulas passam rápido. Depois da aula um passeio pela praia. No caminho um Mc Donald's. Não mereço isso.

Mato a fome. Ou a fome me mata. Não consigo descobrir. Depois ver o time querido jogar. Jogar e vencer. Mais um motivo para ficar feliz. E só de olhar o calendário já tenho outro motivo. O fim de semana se aproxima cada vez mais. Cada vez mais rápido. Não tem como mentir nem esconder que a ansiedade é grande. Os preparativos para os grandes dias são assim. Lembram final de campeonato.

Será que tudo isso tem alguma coisa a ver com o carro amarelo estar parado em frente ao meu trabalho? Acho que não. Ele não tem tanto valor quanto no começo do mês. Acho que ele não trás sorte, nem azar. É apenas um carro bonito. E que fica perto ou longe sem ter ligação alguma comigo. Afinal, não sei quem é o dono, e o dono não sabe quem sou eu. E eu achando que ele realizava pedidos. E olhava para ele e pedia um amor. Que idéia de louco. Um carro realizar sonhos? Acho melhor procurar uma lampada mágica.