domingo, setembro 18, 2005

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Odeio as noites mal dormidas. Cansa mais do que ficar acordado até tarde. Preciso comprar um sonífero. O meu terminou ontem. Então o que me resta é rolar na cama até o sono resolver entrar em ação.

Acordo assustado. Tentaram me matar. Era o sonho. Mas deu medo. Não consigo lembrar direito, mas alguem vinha me matar em casa. Me pegar enquanto eu dormia. Que sonho louco. Pesadelo. Fazia tempo que não tinha pesadelos. Se já estava difícil dormir imagine agora? Desisto.

Vou logo cedo para a praia. Tirar fotos. Preferia estar dormindo, mas não tive outra opção. Agora ficarei o dia inteiro com sono. Bem feito. O pior é que nem o sol veio para me ajudar. Qual a graça de tirar fotos em uma praia sem sol? Não consegui achar a graça então voltei rápido para casa. Ficar na internet. Vida de nerd. Vida de merda.

Setembro está no seu meio. Nada de amores novos. Nunca mais vi o carro amarelo também. E ontem esqueci de rezar antes de dormir. Acho que por isso que não tive bons sonhos. Fora isso setembro é um mês comum. Está sendo um mês comum. Vou trabalhar. Para variar um pouco chego atrasado. Hoje não preciso mais ficar até tarde. Graças a Deus.

E não é que o coração bateu mais forte? Fazia tempo. Depois de dois dias seguidos saindo do trabalho mais tarde, fez bem sair cedo. Fez bem eu esquecer o guarda-chuva e ter de voltar para pegar. Fez muito bem. Assim que fechei o portão, um carro passou. Um carro normal. Bonito é verdade. Mas normal. Não era amarelo. O que tinha dentro que não era tão normal. Um sorriso lindo. Cabelos pretos. Só consegui ver o seu rosto. Devia ser baixinha. O coração bateu mais forte. Foi uma simples troca de olhar. Mas bateu.

Olho para a esquina o sinal está aberto. Droga. Nunca mais vou ver essa pessoa. E se eu torcer para o sinal fechar? É, torci. Em segundos o sinal estava vermelho. E o carro parado. Andei mais rápido, queria ver pelo menos mais uma vez. Tentar reconhecer. Ou tentar guardar para sempre o seu rosto.

Consegui. Fiquei meio sem graça em olha-la diretamente, mas olhei. Ela não olhou. Mas eu olhei, e guardei para mim. Já era o sulficiente. Continuo o meu caminho para casa normalmente. O carro tinha dado seta, então pelo menos mais uma vez eu veria. Andei devagar. Atravessei bem na frente. Pelo menos se fosse atropelado seria por alguem aparentemente especial. Mas sem essas. Ser atropelado para conhecer melhor a pessoa não era uma idéia muito sã. Mas atravessar para estar na calçada, do lado do motorista sim. Então atravessei, e fiquei esperando.

Marquei o carro que estava na frente. Um dourado. Estranho e feio. Mas quando ele passasse por mim, seria um sinal de felicidade. Então andei sem olhar para trás. Sem dar na cara que ela era realmente linda. Sem dar a chance do orgulho mudar o destino. Então passou o carro dourado. Olhei para a direita. Troca de olhares número dois. É muito pra mim. É muito para mim o sinal fechar e mais uma vez eu passar do lado. Cena de novela. Vou pedir o seu celular. O seu MSN. O seu coração. Isso não se pede. Tenho vergonha.

Dependendo do trânsito eu vou por uma rua. Ou por outra. Hoje eu não estava nem ligando para o trânsito. Não mudaria o meu caminho por nada. E não mudei. Sabia que teria uma última chance de vê-la. Agora sim a última, a não ser que o destino fosse perfeito. Espero pelo carro feio. Ele passa. Sem orgulho, sem querer descobrir o que ela pensaria, olhei na cara-de-pau. Olhei mesmo. E olharia novamente se voltasse atrás. Olharia todas as vezes. Olharia bem olhada todas as vezes. Orgulho é uma merda. Acho que engolimos o orgulho. No que eu olhei para o lado, o carro passou. Ela olhou ao mesmo tempo. E sorriu. E eu fiquei parado. Bobo. Estatua.

Andei o resto do caminho pensando. Pensando e torcendo para mais uma vez ela passar. Não passou. Mas se um dia novamente passar será diferente. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Mas passa perto. Tomara que continue chovendo a semana toda. Menos hoje. Assim posso pegar uma bicicleta emprestada para ir a faculdade. Odeio andar a pé. Hoje não odiei.

Obrigado.

E agora só quero descansar. Desligar a alma do corpo e sonhar. Ter um sonho bom. Boa noite.

x-x-x

Faculdade de manhã não tem como. Vou estudar para passar de ano direto. E ano que vem matamos as Dp's. Esse ano vamos descansar pela manhã. Ter sonhos bons. Trabalhar a tarde. E estudar a noite. E fim de semana realizar os sonhos bons. Continuar em busca do par perfeito. Para falar a verdade já estou quase desistindo. Acho que quando eu menos esperar por isso, alguem aparecerá. Sempre foi assim. Dessa vez não pode ser diferente.

Vou passear de carro com os amigos. Passar o tempo. Avenidas longas. Ouvindo músicas para pensar na vida. Algumas para pensar e ficar triste. Bater a saudade. Coisa momentanea. Mas forte. A vontade de chorar foi forte. Percebo o quanto a música é boa quando ela é capaz de mudar meu estado de felicidade. Com certeza esse cd era dos bons.

Comento com meus amigos que não lembro a última vez que chorei de tristeza. Eles também não lembram. Pelo menos falaram não lembrar. Bom sinal, sinal que a falta de ter alguem ao lado não é maior que a alegria que as pessoas ao meu redor me passam. Amigos verdadeiros são parte da família. E esses nós vamos levar conosco para o céu.